domingo, 2 de dezembro de 2007

Fanzine

Dia desses tava lendo o artigo “O Fanzine como imprensa alternativa de resgate cultural”, de Gazy Andraus, que nos mostra um pouco sobre os fanzines e as historias em quadrinhos independentes. O Fanzine se tornou no Brasil o principal meio de divulgar a produção das histórias em quadrinho.
O autor do artigo falaa que a impressão de histórias em quadrinhos continua evoluindo junto com os jornais impressos, graças a seu público que sempre acompanha as histórias, e que o fanzine, que significa revista de fã (fanatic + magazine), é uma forma de editoração alternativa, prendendo o máximo possível da visão do leitor.
O fanzine é um meio onde as pessoas podem expressar seus pensamentos. O tema é livre, criativo e, de acordo com o autor, suas páginas contém formas artísticas com ilustrações, desenhos, poesias, letra de música, etc. ele foi criado entre a década de 1930 e 1940 nos EUA, como forma de debate, e no Brasil a partir da década de 1960 como boletins de informação acerca dos personagens de histórias em quadrinhos.
Andraus segue falando que os Fanzines no Brasil, possuem uma forte relação com os Estados Unidos e o Japão, pois, seus personagens de histórias em quadrinhos, são, geralmente, da Disney, mangás, etc. O ponto importante do fanzinato brasileiro é que ele é mais ativo e significativo, resgatando uma memória crítica de material nacional inserido na memória cultural nomes de vários autores de quadrinhos.
Um autor que marcou o Fanzine e que continua na criação deles, é o Edgar Guimarães, que Andraus cita no artigo. Ele criou o QI (Quadrinhos Independentes), passou a editar fanzines de outros autores e publicá-los. Foi através das publicações de Guimarães que o fanzine deu um salto importante e o número de leitores do QI só aumentavam. A qualidade com o tempo foi melhorando, fazendo com que alguns autores ganhassem até prêmios.
De acordo com Andraus, o fanzine é um importante objeto que resgata e mantém a cultura através da manutenção e divulgação de autores, artigos importantes e debates culturais, auxiliando em uma produção alternativa que, se dependesse de uma licença oficial jamais seria publicado ou editado. Esse é o diferencial do fanzine, ser independente.

Analisando "A Sangue frio"

Analisei o primeiro capítulo do livro “A Sangue Frio” de Truman Capote, observando a descrição, construção psicológica, onomatopéia e os diálogos que o autor usa. O jornalismo literário é sempre atribuído a este escritor norte americano por causa da forma com a qual foi escrito esse romance/reportagem, com uma apuração minuciosa e detalhada.
Podemos dizer que este tipo de jornalismo literário é novo no nosso meio. O chamado novo jornalismo se caracteriza em textos mais aprofundados, de uma narrativa detalhada, da construção cena a cena, da reprodução dos diálogos dos personagens, do registro dos gestos, hábitos, etc. O jornalismo literário pode ser usado tanto nos textos impressos (revistas, livros, jornais), quanto nos textos de TVs. Essa característica do jornalismo tornou-se essencial no cotidiano das redações.
Voltando ao livro A Sangue Frio, Capote narra o assassinato de uma família no estado de Kansas.
Logo no início, o autor começa descrevendo a pequena aldeia Holcomb, situada no Oeste do Kansas. Ele fala sobre o céu azul intenso, a terra plana, as manadas de gado que ali existem. Descreve também as casas, que são maiorias de um só andar, com telheiro na frente. Logo depois ele faz a construção psicológica de uma personagem que se encontrava no momento: uma mulher magra, vestida com um casaco de pele de búfalo, calças de cetim e que desempenha as funções de empregada dos correios.
O autor segue contando que a vida na pequena aldeia era calma e tranqüila até certo dia onde sons estranhos sobrepuseram aos usuais ruídos noturnos da aldeia. Nessa parte do livro, Capote descreve os ganidos histéricos dos coiotes, o seco rumorejar das ervas altas, o apito agudo das locomotivas que se afastavam, onde, naquela hora, quatro tiros de espingarda acabara por destruir seis vidas humanas. A partir desse dia Holcomb nunca mais foi a mesma.
Nessa parte do livro, Capote segue contando sobre a família Clutter. Primeiro ele cita o patriarca Herbert William Clutter, onde faz toda a construção psicológica do personagem, o descreve no seu dia a dia e nos leva a imaginar como se estivéssemos acompanhando o tempo todo o Sr. Clutter. Esse é o diferencial de Truman Capote, onde ele consegue colocar seus leitores a acompanhar todos os detalhes do cenário, dos personagens e de cada momento passado.
Capote consegue ver a transparência de cada detalhe dos personagens, transformando-os, para os leitores “enxergarem” além das simples palavras contidas no livro. É como Sérgio Villas Boas no diz: “Observar é uma forma de adquirir vocabulário”.
Com a observação, Capote transmite em suas palavras a arte de cada movimento dos personagens. O livro é todo detalhado, prendendo a atenção do leitor e tornando mais agradável a leitura. Expressões como “Soou a buzina de um carro”, “Santo Deus! Kenyon, já ouvi!”, “Os seus gritos subiam escada acima”, nos mostra claramente o cuidado do autor para com as palavras. Ele usa diálogos curtos, mas de forma clara e sutil.
Ao descrever o personagem Dick no carro, o autor descreve cada detalhe. Era um Chevrolet preto, modelo 1949, o personagem se certifica se sua guitarra amarela está no banco de trás do veículo e, percebemos uma onomatopéia usada por Capote. No livro ele conta que o personagem Dick bateu com os nós dos dedos no pára-brisas e faz a onomatopéia do barulho, ele escreve “truz, truz, truz”, deixando os leitores ligados no momento.
Durante o livro, o autor segue contando sobre a família Clutter, sobre o assassinato e a descrição do assassino Smith. Truman conversa com ele, observa seu lado pessoal, os motivos que o levou a cometer isso e conversa com a família dele. Podemos observar que é detalhada a cidade, a casa, os momentos, essa relevância que Capote usa durante o livro, transforma em uma paraliteratura seguida de jornalismo.