domingo, 2 de dezembro de 2007

Analisando "A Sangue frio"

Analisei o primeiro capítulo do livro “A Sangue Frio” de Truman Capote, observando a descrição, construção psicológica, onomatopéia e os diálogos que o autor usa. O jornalismo literário é sempre atribuído a este escritor norte americano por causa da forma com a qual foi escrito esse romance/reportagem, com uma apuração minuciosa e detalhada.
Podemos dizer que este tipo de jornalismo literário é novo no nosso meio. O chamado novo jornalismo se caracteriza em textos mais aprofundados, de uma narrativa detalhada, da construção cena a cena, da reprodução dos diálogos dos personagens, do registro dos gestos, hábitos, etc. O jornalismo literário pode ser usado tanto nos textos impressos (revistas, livros, jornais), quanto nos textos de TVs. Essa característica do jornalismo tornou-se essencial no cotidiano das redações.
Voltando ao livro A Sangue Frio, Capote narra o assassinato de uma família no estado de Kansas.
Logo no início, o autor começa descrevendo a pequena aldeia Holcomb, situada no Oeste do Kansas. Ele fala sobre o céu azul intenso, a terra plana, as manadas de gado que ali existem. Descreve também as casas, que são maiorias de um só andar, com telheiro na frente. Logo depois ele faz a construção psicológica de uma personagem que se encontrava no momento: uma mulher magra, vestida com um casaco de pele de búfalo, calças de cetim e que desempenha as funções de empregada dos correios.
O autor segue contando que a vida na pequena aldeia era calma e tranqüila até certo dia onde sons estranhos sobrepuseram aos usuais ruídos noturnos da aldeia. Nessa parte do livro, Capote descreve os ganidos histéricos dos coiotes, o seco rumorejar das ervas altas, o apito agudo das locomotivas que se afastavam, onde, naquela hora, quatro tiros de espingarda acabara por destruir seis vidas humanas. A partir desse dia Holcomb nunca mais foi a mesma.
Nessa parte do livro, Capote segue contando sobre a família Clutter. Primeiro ele cita o patriarca Herbert William Clutter, onde faz toda a construção psicológica do personagem, o descreve no seu dia a dia e nos leva a imaginar como se estivéssemos acompanhando o tempo todo o Sr. Clutter. Esse é o diferencial de Truman Capote, onde ele consegue colocar seus leitores a acompanhar todos os detalhes do cenário, dos personagens e de cada momento passado.
Capote consegue ver a transparência de cada detalhe dos personagens, transformando-os, para os leitores “enxergarem” além das simples palavras contidas no livro. É como Sérgio Villas Boas no diz: “Observar é uma forma de adquirir vocabulário”.
Com a observação, Capote transmite em suas palavras a arte de cada movimento dos personagens. O livro é todo detalhado, prendendo a atenção do leitor e tornando mais agradável a leitura. Expressões como “Soou a buzina de um carro”, “Santo Deus! Kenyon, já ouvi!”, “Os seus gritos subiam escada acima”, nos mostra claramente o cuidado do autor para com as palavras. Ele usa diálogos curtos, mas de forma clara e sutil.
Ao descrever o personagem Dick no carro, o autor descreve cada detalhe. Era um Chevrolet preto, modelo 1949, o personagem se certifica se sua guitarra amarela está no banco de trás do veículo e, percebemos uma onomatopéia usada por Capote. No livro ele conta que o personagem Dick bateu com os nós dos dedos no pára-brisas e faz a onomatopéia do barulho, ele escreve “truz, truz, truz”, deixando os leitores ligados no momento.
Durante o livro, o autor segue contando sobre a família Clutter, sobre o assassinato e a descrição do assassino Smith. Truman conversa com ele, observa seu lado pessoal, os motivos que o levou a cometer isso e conversa com a família dele. Podemos observar que é detalhada a cidade, a casa, os momentos, essa relevância que Capote usa durante o livro, transforma em uma paraliteratura seguida de jornalismo.

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